Sentidos

Já algumas vez olhaste,
Sem ser de forma desatenta,
Para os caminhos que percorres,
Ou neles apenas corres e conquistas
Sem nunca teres tempo para os admirar?

Já alguma vez ouviste,
Com a mesma atenção de quem não vê,
Aqueles que sempre te acompanham,
Nos trilhos íngremes e invernosos
Que teimas em percorrer?

Já alguma vez reflectiste,
Sobre o verdade que existe na mão estendida,
De um alguém que não conheces,
Que apelidas de estranho,
Mas que sempre te ampara?

Já alguma vez sentiste,
A dança agitada e lasciva das árvores,
Ao toque doce e perturbante do vento,
E a vida que ambos transmitem,
Ao horizonte que não vislumbras?

Já alguma vez tocaste,
O corpo despojado de uma mulher,
Despido dos vis preconceitos
E lhe tomaste para ti o calor que dele emana
Sem sequer sonhares que encontraste o amor?

Já alguma vez pensaste que eras feliz?
Como ousaste sequer tê-lo feito
Se nunca usaste nenhum dos teus sentidos,
Se olhaste mas não viste,
Se ouviste e jamais reflectiste,
Se tocaste mas não soubeste sentir?