segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Existências

Há um rouxinol que chilreia junto à janela dos meus sonhos,
Trás com ele o som do despertar de uma manhã,
Com cheiros doces e libidinosos,
Que me enchem os sentidos e me ludibriam as emoções.

Há uma papoula que cresce robusta na orla do meu jardim,
Que dança voluptuosa ao sabor do vento,
E encanta somente pela singela beleza,
Com que sempre se entrega à brisa fresca que percorre o horizonte.

Há um rio para lá do corte paisagistico que vislumbro,
Que num sopro, me traz as lembranças boas da vida,
Apagando docemente as mágoas na sua corrente,
E me abraça no seu leito, sem nunca me roubar a alma.

Há uma Lua que todas as noites brilha por cima do meu telhado,
Que decora com as estrelas as paredes nuas do meu quarto,
Ouve as minhas preçes, choros e risos,
E vela para que os meus amores não esmoreçam.

Há um anjo, muito mais brilhante que todos os outros,
Que todos os dias dorme junto ao meu peito,
Cujas mãos me percorrem e me prendem,
E cujo corpo desperta em mim prazeres desejados.

Num acordar repentino, existes só tu
Que como o rouxinol me trazes um canto de paixão,
Que como a papoula me invades de um rubor encantado,
Que como o rio me refrescas o corpo e pensamento,
Que como a Lua me iluminas a noite e o sonhos,
Que como um anjo me consagras como mulher.

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